sábado, 4 de setembro de 2010

poema incompleto

queria morrer no mesmo dia
em que nasci

anos completos
amores aceitos
cada poema lido em sequência
verso por verso
sem desvio
lençóis quando sol
edredons para o frio

mas o que fazer do último pedaço do bolo
o que fazer da última noz
sobre o último pedaço de bolo
o que fazer do refrão
que não encantará
o que fazer da carta de amor
que virá depois do amor
o que fazer do álcool
que insistirá no copo
o que fazer do livro
que perpetuará o marca-página
o que fazer do beijo
que não desaguará em transa
o que fazer da transa
que não desaguará

queria morrer
no mesmo dia em que nasci

mas sou de restos
sou de migalhas
sou de retalhos
sou de farelos

ser
é o que me sobra.

(OS)

Um comentário:

Liza Leal disse...

Olá!
Gostei do poema.
Meu saudoso pai, por incrível q pareça, nasceu e se foi, na msma data.

abç
.
LiZa