domingo, 17 de maio de 2009

das manhãs

as manhãs nascem
quando sua saia dança com seus joelhos 
e se jogam nos braços de minhas pernas. 
as manhãs dançam.

as manhãs não obedecem a natureza  
nem o curso das certezas. 
as manhãs nascem 
com ou sem o sol 
quando seu abraço se desarma.
as manhãs dançam.
e eu amanheço quando danço em você.
o meu corpo não é o seu corpo.
mas como explicar isso para o perfume das coisas? 
as manhãs têm o cheiro da conversa das peles. 
e os dias têm o cheiro das manhãs. 
não é a tarde nem a noite que dão vida aos dias. 
então como farão eles 
sem nossas manhãs 
para ensinar seus primeiros passos?

(scapin)

terça-feira, 12 de maio de 2009

cinco da tarde

não me pareceu simpático
o mar no primeiro encontro.
as amendoeiras
e suas amizades com as sombras
me cativaram primeiro.

por isso ganhei a atenção do mar.

o mar não conversa com quem o invade.
engole.
o mar faz prosa com os coqueiros
com as gaivotas serenas
com a areia que ele não toca
e conta piadas ao sol.
não serve-se água com açúcar
quando o mar está aflito.
sou da espécie dos rios.
no mar deságuo a razão
e termino
infinito.

(scapin)