domingo, 29 de abril de 2012

canto das perguntas (006 e 007)

Porque choram tanto as nuvens
e cada vez são mais alegres?
(Pablo Neruda)

Penso que nuvens são iguais as pessoas, umas fazem sombra, tapam o sol que machuca nossa pele.
as nuvens choram de alegria, tipo tarde de verão, misturando sol e chuva "casamento de viúva"
em outras situações as nuvens choram de tristeza, tipo tarde nublada, com trovões e enxurradas.
Algumas nuvens, tem formatos engraçados, ontem mesmo vi uma do cabelo enrolado
parecia uma menina, mas nuvem é igual gente, nunca fica parado. Perdi a danada de vista.


por Kaio Bruno, poeta de batimentos, pratos e prantos.

Um céu sem nuvens, não é um céu protetor.
As nuvens dançam no céu limpando as impurezas sublimadas dos homens. Até que choram.
Choram essas impurezas aos mares e rios, que ajudam a diluir o que não é do universo, o que não é de todos.
Então voltam a sorrir. Porque por cima há o Sol que ali as iluminam. Dando toda a energia necessária
a esperança que nos compõe, cada vez mais, junto a alegria de viver.


por Yanne Naves, menina caetânica e de peito aberto.

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quinta-feira, 1 de março de 2012

canto das perguntas (005)

De onde tira tantas folhas
a primavera da França?
(Pablo Neruda)

Tant de forêts...


Tant des forêts arrachées à la terre
et massacrées
achevées
rotativées

Tant de forêts sacrifiées pour la pâte à papier des milliards de journaux attirant annuellement l´attention des lecteurs sur les dangers du déboisement des bois et des forêts.


Tradução (Nádia Monteiro):

Tantas florestas...

Tantas florestas arrancadas da terra
e massacradas
abatidas
rotativadas

Tantas florestas sacrificadas para a pasta de papel dos milhares de jornais que todo ano atraem a atenção dos leitores sobre os perigos do desmatamento de bosques e florestas.

(Jacques Prévert)


por Nádia Monteiro, a francofônica mais fã do Bob Dylan que há por aí. Pode subir!

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

canto das perguntas (004)

Quantas abelhas tem o dia?
(Pablo Neruda)

El día tiene 24 horas, cuatro hexágonos.
Cada uno dellos solo contiene una abeja. La forma permite precision.
Mientras, llena de paison y mel, la obrera olvida la cera y en un ratito, ama el zángano qui por alli pasea.
Cambiando-se en reina por un día.


Tradução:

O dia é formado de 24 horas, quatro hexágonos.
Cada um deles cabe apenas uma abelha. O formato permite precisão.
No entanto, se apaixonada, a operária abandona a cera e num breve momento, ama o zangão que ali passeia.
Tornando-se a rainha do dia.


por João Baptista Alencastro, nosso médico-poeta-poliglota que fez questão de responder na língua do Neruda.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

canto das perguntas (003)

Como sabem as estações do ano
que devem trocar de camisa?
(Pablo Neruda)


Em verdade, elas não sabem. 
Mas há sempre uma brisa leve que sopra outonos, uns calores internos de verões passados, um medo de inverno, umas esperanças pintadas na cor da flor-de-primavera. Há sempre um segredo escondido na estação passada.
E em verdade, oras, elas não sabem. Apenas pressentem.

por Déborah Gouthier, jornalista das bochechas boas de apertar, um doce só.

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

canto das perguntas (002)

Porque se suicidam as folhas
quando se sentem amarelas?

(Pablo Neruda)


Elas não conhecem as borboletas amarelas
que chegam no início da primavera
se dispõem a uma improvável espera
do amor que acontece ainda que apenas fantasia
de um deus que a todos cria
e a todos impõe as suas regras.


por Alexandre Marino, poeta mineiro que entre uma cerveja e outra, cantarola versos do Leonard Cohen. (www.alexandremarino.com)

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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

canto das perguntas (001)

Me diga: a rosa está nua
ou só tem esse vestido?

(Pablo Neruda)


A nudez é a única forma de ser. Ser sem ser, querer ser, ter sido. É assim que se diz "eu te amo", faz promessas, grita poesias, chora, entristece. É em vermelho que se fala de amor, de saudade e de tristeza. São com os espinhos que se provoca a dor, no outro. É com o veludo que se dá a chance do toque, nunca de tocar. É se vestindo de nudez que ela se protege no mundo.


por Camila Caires (menina dos olhares atentos e apaixonados pelas insignificâncias)


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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

canto das perguntas


o blog do scapin começa uma série de publicações que há muito queria fazer. estas vem por dois motivos: a paixão pelo "livro das perguntas" do poeta chileno pablo neruda e a vontade de ter um espaço de colaboração no blog onde várias pessoas pudessem se expressar. assim surge o canto das perguntas (que já aparece ali acima no cabeçalho do blog), que trará sugestões de respostas para os lindos versos do "livro das perguntas". cada semana será aberta com a resposta de um convidado pelo blog do scapin. 


espero que o canto das perguntas seja um espaço para contemplar a poesia do neruda e um exercício para pensarmos a poesia com mais frequência. deixem seus comentários e respondam as perguntas também!

o livro das perguntas pode ser encontrado facilmente em qualquer livraria no brasil, inclusive na versão de bolso. a cosac naify publicou uma linda edição do livro, com traduções do Ferreira Gullar e Ilustrações do Isidro Ferrer. a edição de bolso é da editora L&PM.

amanhã teremos a primeira resposta!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

estudos sobre a brevidade

I

toda eternidade
foi breve na infância.

II

para entender de brevidades
faz-se urgente:
1) compartilhar carinho de grama e de areia;
2) ter conversa em avós;
3) sentir azul no perfume da moça da livraria;
4) entender em nudez de mar, cachoeira ou rio dançante;
5) abrir presente de rasgão;
6) ler manoel, chaer e leminski;
7) transar em pia de lavabo de festa;
8) sentir pra paixão ao menos duas vezes ao dia;
9) ver gente de fresta de porta;
10) sorrir com canto de riso todo o tempo;
11) ser sorriso de volta;
12) e nunca esquecer,
de manter em memória perpétua
as urgências do ser breve.

III

as imagens
dotadas de
brevesa

nascem pra sorriso
e morrem
riso ainda.

IV

seriam os anjos
os santos e marias
os mestres que transcendem
seus gozos nas estrelas
deus?

ou por um breve
e silencioso
acaso
naquela tarde
nos sorrimos?

V

o breve
se por descuido
consente encantamento

se demora.

VI

o silêncio
brevíssimo

não coube
no hard disk
onde estavam os dois teras
de nossas frases de amor.

VII

em nossos versos
todo este caos
nominado amor
que afinal
é o que em nós
se concebe como amor
é rubra e tenra maquiagem.

no silêncio
de tez limpa
paisagens sombrias
e voos que rasam a inconsciência
este mesmo amor
nos mostra
como é breve
por nós
sua passagem.


©távio scapin


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

2012 tardio

2012 começou tarde no blog do scapin mas agora voltaremos com tudo!
além dos poemas e da música vamos ter novidades por aqui!
sejam bem-vindos à mais um ano de blog!