sábado, 15 de maio de 2010

novo ensaio sobre a dor

já achei que injeção
fosse a dor maior do mundo.
depois um beliscão,
um chute no saco,
um fora da menina do colégio
que não entendia
que tudo o que eu queria
era um amor bem dolorido.
nenhuma dor tem sucesso
na missão de ser a maior
na análise dos sentidos.

já achei que doer sem deus
fosse amputar sem anestesia.
mas doemos sem amigos.
doemos sem irmã.
doemos sem pai.
doemos sem mãe.
doemos com a sobra,
vazia.
deixemos o amor doer.
deixemos.
para que ele continue grande
para o resto de nossos dias.

(scapin)