I
toda eternidade
foi breve na infância.
II
para entender de brevidades
faz-se urgente:
1) compartilhar carinho de grama e de areia;
2) ter conversa em avós;
3) sentir azul no perfume da moça da livraria;
4) entender em nudez de mar, cachoeira ou rio dançante;
5) abrir presente de rasgão;
6) ler manoel, chaer e leminski;
7) transar em pia de lavabo de festa;
8) sentir pra paixão ao menos duas vezes ao dia;
9) ver gente de fresta de porta;
10) sorrir com canto de riso todo o tempo;
11) ser sorriso de volta;
12) e nunca esquecer,
de manter em memória perpétua
as urgências do ser breve.
III
as imagens
dotadas de
brevesa
nascem pra sorriso
e morrem
riso ainda.
IV
seriam os anjos
os santos e marias
os mestres que transcendem
seus gozos nas estrelas
deus?
ou por um breve
e silencioso
acaso
naquela tarde
nos sorrimos?
V
o breve
se por descuido
consente encantamento
se demora.
VI
o silêncio
brevíssimo
não coube
no hard disk
onde estavam os dois teras
de nossas frases de amor.
VII
em nossos versos
todo este caos
nominado amor
que afinal
é o que em nós
se concebe como amor
é rubra e tenra maquiagem.
no silêncio
de tez limpa
paisagens sombrias
e voos que rasam a inconsciência
este mesmo amor
nos mostra
como é breve
por nós
Um comentário:
muito legal
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