quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

estudos sobre a brevidade

I

toda eternidade
foi breve na infância.

II

para entender de brevidades
faz-se urgente:
1) compartilhar carinho de grama e de areia;
2) ter conversa em avós;
3) sentir azul no perfume da moça da livraria;
4) entender em nudez de mar, cachoeira ou rio dançante;
5) abrir presente de rasgão;
6) ler manoel, chaer e leminski;
7) transar em pia de lavabo de festa;
8) sentir pra paixão ao menos duas vezes ao dia;
9) ver gente de fresta de porta;
10) sorrir com canto de riso todo o tempo;
11) ser sorriso de volta;
12) e nunca esquecer,
de manter em memória perpétua
as urgências do ser breve.

III

as imagens
dotadas de
brevesa

nascem pra sorriso
e morrem
riso ainda.

IV

seriam os anjos
os santos e marias
os mestres que transcendem
seus gozos nas estrelas
deus?

ou por um breve
e silencioso
acaso
naquela tarde
nos sorrimos?

V

o breve
se por descuido
consente encantamento

se demora.

VI

o silêncio
brevíssimo

não coube
no hard disk
onde estavam os dois teras
de nossas frases de amor.

VII

em nossos versos
todo este caos
nominado amor
que afinal
é o que em nós
se concebe como amor
é rubra e tenra maquiagem.

no silêncio
de tez limpa
paisagens sombrias
e voos que rasam a inconsciência
este mesmo amor
nos mostra
como é breve
por nós
sua passagem.


©távio scapin