quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

poema dos amores proibidos

amo uma moça
e sobre esta cacofonia insossa
pousa o dever do disfarce
amo uma moça
mas não sei se posso amar
resolvi caminhar junto a moça
de pele tão clara de louça
daquelas que avó tem na estante
mas que ninguém pode usar
amo uma moça
mas não sei se posso amar
não tenho suas mãos que beijam minha face
não tenho o seu colo onde pousam os ouvidos
não tenho no abraço o desfile dos sentidos
não tenho seus olhares um minuto só que baste
amo uma moça
e sobre esta cacofonia insossa
pousa o dever do disfarce
amo uma moça
mas não sei se posso amar
não sorrimos juntos nas fotos
não andamos como os namorados
ainda que resistam sem foco
alguns carinhos velados
resolvi caminhar junto a moça
mesmo sem ter o seu rosto
no meu velho álbum de guardar
por isso estampo em sua capa
meu único pedaço da moça
a foto em que o pé dela ouve
o pé deste moço cantar
amo uma moça
e sobre esta cacofonia insossa
pousa o dever do disfarce
amo uma moça
mas não sei se posso amar.


(scapin)

3 comentários:

Anônimo disse...

Scapin,

já deu pra ver que a verve poética desatou por aí, 2009 promete!

Abraço,
Tchello d'Barros

AL-Chaer disse...

ALcompanhando o coro do Tchello, também gostei muito deste poema, que - ALcho - já nasceu música!

AL-Braços
AL-Chaer

Isabella Gouthier disse...

e eu concordo com o chaer, isso é música, e cacofônica, e linda.